
As mãos desesperadas que procuravam a exatidão,
A dúvida de uma parte incerta do juízo lhe mordia,
As unhas e o desespero contra o regresso da comichão;
Coça e volta a coçar, morde e volta a morder, fuga e meia volta,
esfola e volta a esfolar, sangra e volta a sangrar, sente os dentes a ranger,
coça e continua a coçar!...
Ouve-se mais uma má notícia na televisão,
Os parasitas que continuam a chupar a Democracia,
A notícia espalha-se da fome até à solidão,
Crescem as unhas que coçam até à exaustão,
Cai-se no caos, avançam as unhas da anarquia,
Atrás dos sujos cabelos há uma hospedaria,
O hospede está a engordar, come e continua a comer,
Há sangue magro para beber, bebe e come até a rebentar,
Enervam-se com tanto poder, morde e volta a morder,
O hospedeiro já está a sangrar, coça e volta a coçar!...
As torneiras privatizadas bebem o pó sem pagamento,
Lambe-se o azinhavre ressequido do cobre vendido,
Fazem-se de conta que lavam-se a queda do cabelo sebento,
Caem os tufos desgrenhados que são levados pelo vento,
O vento levou a canseira da coceira com o cabelo perdido,
Ficou o falacrose com o desengano e o último sacramento!...
Aproximam-se os jornais do dia seguinte e a água benta no olho,
Nas notícias esconde-se a Democracia em estado terminal,
Os fartos de cabelos brilhantes levam a liberdade a tribunal,
Em cada lêndea nasce uma justiça desigual,
Perde-se a cabeça em volta do piolho!...
Chegou o dia dos piolhentos em que os votos soltaram-se,
As promessas são ameaças veladas de franzir o sobrolho,
Votam-se nos sais de banho e há ainda mais piolhos a voltarem!...
Nuno Costa, Lamego
Sem comentários:
Enviar um comentário