segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Poema: As Cruzes do Abutre

                  
                            O desprezo e dó,
             O político e o abutre da carreira,
            O olhar habitual da sua cegueira,
   E amassa-se na lama e faz-se o pão de pó,
   Rodeiam-se mais abutres e nunca está só,
  A ondula ao vento com as cores de uma bandeira,
 A dura terra a comer e vende-se como o pão de ló!...

  A toda terra já à comida e muito do mar sugado,
 Chegou que foi de vez, no corpo dar a sua carne a comer,
Exigiu-se todo o açúcar do sangue e muito suor salgado,
 Com esse abutre, o doce sabor do povo sempre habituado,
  Estranhado a liberdade do consumo incapaz de se deter,
 E apelou as mil diligências e todos os formulários do poder,
 Voaram os papéis da ordem no seu papel e foi desprezado,
 As cruzes derrotadas viram os quadros vazios vencer!...

 Um abutre comeu menos e os outros abutres comeram mais,
 Todos os abutres comeram da mesma carne mais popular,
 O abutre que comeu menos vê um abutre a quem culpar,
 Disfarçou-se de pardal e nega os secretários gerais,
  Esperam mais carne do povo, os pardais;
 Já não se obstem o povo de ver os abutres a pairar,
Votaram no desprezo nas urnas consensuais,
 Os nulos e os braços são dos abutres a debicar,
       As cruzes das nulidades mentais!...
Nuno Costa, Lamego 

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