Nunca um fim do Mundo,
Se fez tanto neste Mundo,
Nunca estive tão perto,
Do medo de estar tão certo,
A desilusão e do medo profundo,
Tu, não o vês, decerto,
Tal é a cegueira, lá no fundo,
De tanta guerra encoberto!...
Sou o profeta da desgraça,
De uma desgraça de profeta,
Sou o teu baço da vidraça,
Sou as línguas da fumaça,
Sou a cura da linha recta,
Esfumando-se e logo afeta,
O coração que despedaça!...
Há em cada fim de cada dia,
A esperança que adormece,
Que descansa a serena sintonia,
Com uma maciez da nostalgia,
A esperança que amanhece,
De mais um dia que acontece,
A esperança de ser do que seria,
Se o Mundo da Paz quisesse!...
Neste Mundo onde vivemos,
Sem saber com que fim, afinal,
Somos as bestas da morte bestial,
Neste Mundo onde morremos,
Somos as bestas que nos fizemos,
As sepulturas abertas de tanto mal!...
É neste Mundo onde estamos,
O Mundo que é o Mundo, por enquanto,
Os refugiados do egoísmo no nosso canto,
É este estranho Mundo que ficamos,
A matar a vida, antes que morremos,
Dos rituais suicidas e sem espanto!...
Publicado por Notícias de Portugal
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