domingo, 17 de setembro de 2017

Poema: Todo O Vinho Do Mundo

                    Mais cedo ou mais tarde,
                  Todos vão sentir-se à rasca,
                 Há algo nos outros que arde,
              Não será o fogo de muito alarde...
   Talvez as uvas maduras que refugiem na casca,
    A velha videira sofre de enxerto impessoal,
  Mais dia, menos dia, todos irão sentir muito mal,
  Todos procuram o remédio santo na tasca santa,
  Os outros são vindimados na cura do hospital!...

    O diagnóstico desconfia a mesma origem,
     Há o temor embriagado do vinho acabe,
  Muitos doentes, de abstinência, que afligem,
        O soro não saber de que o vinho sabe,
          Já nem o vinho nas veias, exigem!...

       Há um pássaro a cor de vinho a pairar,
         Vai escurecendo as penas na sua cor,
        De gota em gota, vai morrendo de dor,
             Um pássaro negro parou de voar,
             De tanto vinho bebido com amor,
                Onde o amor que foi afogar!...

                            Talvez no fundo,
             No fundo dos copos por esvaziar,
   Que tivesse bebido todo o vinho do mundo,
             O vinho que acabou por acabar!...
Publicado por Notícias de Portugal

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