Mais cedo ou mais tarde,
Todos vão sentir-se à rasca,
Há algo nos outros que arde,
Não será o fogo de muito alarde...
Talvez as uvas maduras que refugiem na casca,
A velha videira sofre de enxerto impessoal,
Mais dia, menos dia, todos irão sentir muito mal,
Todos procuram o remédio santo na tasca santa,
Os outros são vindimados na cura do hospital!...
O diagnóstico desconfia a mesma origem,
Há o temor embriagado do vinho acabe,
Muitos doentes, de abstinência, que afligem,
O soro não saber de que o vinho sabe,
Já nem o vinho nas veias, exigem!...
Há um pássaro a cor de vinho a pairar,
Vai escurecendo as penas na sua cor,
De gota em gota, vai morrendo de dor,
Um pássaro negro parou de voar,
De tanto vinho bebido com amor,
Onde o amor que foi afogar!...
Talvez no fundo,
No fundo dos copos por esvaziar,
Que tivesse bebido todo o vinho do mundo,
O vinho que acabou por acabar!...
Publicado por Notícias de Portugal
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