segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Poema: O Rabo de Palha

            É, de si mesmo, um ácido ferrolho,
    Que penetra no marco meigo de quem calha,
    Que desliza entre as cores de qualquer olho,
       Enraíza-se e a colheita faz-se restolho,
   Que acusa o salgado suor de quem trabalha,
    De ser culpada e uma criminosa navalha,
   Que esqueceu-se de por as barbas de molho,
    Tentou esconder os seus rabos de palha!...

     Passaram as ceifas e as férteis colheitas,
           Algumas estavam mal sucedidas,
              As colheitas estavam perdidas,
                 As searas estavam desfeitas,
                     Era pelo desleixo traídos,
                    Eram acusações suspeitas;
Que escondiam-se as contas às contas feitas,
   E antes que as línguas não ficassem tolhidas,
   Que ceifavam-se as outras línguas, às injustiças sujeitas,
Ofereceram o silêncio de abastadas colheitas prometidas!...

                 Deus me valha, Deus me valha,
             Deus me livre nesse jeito demagogo,
             A justiça é preguiçosa e nunca falha,
   Que adormece muitas vezes envolta do fogo,
     Acorda no seu longo e seco rabo de palha,
    É nas minhas barbas, que a água lhes valha!...
Publicado por Notícias de Portugal

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